quinta-feira, 27 de março de 2014

Sobre a aprovação do Marco Civil da Internet


Finalmente foi aprovado, essa semana, pela Câmara dos Deputados, o Marco Civil da Internet, uma espécie de Constituição da web, uma lei geral que visa garantir que a rede funcione com neutralidade, privacidade e liberdade de expressão.

 

Desde outubro, o Marco Civil impedia que a Câmara votasse outros projetos de lei, já que tramitava em regime de urgência e trancava a pauta da Casa.

 

A votação ocorreu após intensos debates entre o governo e o chamado “blocão”, liderado pelo PMDB e que reúne também PTB, PR, Solidariedade e PSC.

 

O texto foi aprovado sem o registro dos votos individuais porque já havia sido amarrado um acordo. Apenas o PPS votou contra.

 

Referido acordo só foi possível após o governo atender a duas reivindicações do “blocão”, quais sejam:

 

1.         Suprimiu do texto a exigência de que as companhias de internet armazenassem os dados de usuários brasileiros em centros no Brasil.

 

Essa exigência fora incluída após denúncias de espionagem dos EUA no Brasil, mas parlamentares que se opunham à medida argumentaram que ela encareceria o acesso à internet. Segundo o texto aprovado, deve ser "respeitada a legislação brasileira" quanto à privacidade de comunicações.

 

2.         Alterou o trecho sobre a regulamentação da chamada neutralidade da rede.

 

O princípio de neutralidade impede empresas de telefonia de definir quais sites ou serviços terão conexão mais rápida ou lenta com base nos perfis dos usuários.

 

Governo e “blocão” divergiam quanto à regulamentação das exceções ao princípio.

 

Ficou acertado que as exceções serão definidas por um decreto presidencial, que deverá seguir estritamente o texto do Marco, ou seja, as exceções só se aplicarão a serviços de emergência e por razões técnicas.

 

O projeto também isenta os provedores de internet de responsabilização civil por danos decorrentes de conteúdos gerados por terceiros. A responsabilização só ocorrerá se mesmo após uma determinação judicial o provedor não tomar as providências para retirar o conteúdo da rede.

 

O texto agora segue para o Senado, onde deve enfrentar menos resistências que na Câmara. Se aprovado, vai à sanção presidencial.

 


 

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